Por mais FlaFlus

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Depois de um longo recesso carnavalesco, estamos de volta. E ontem, foi dia de assistir ao clássico carioca valendo a Taça Guanabara, que no formato atual tem pouca valia, mas não tira o mérito do jogo, da vitória e de como ela ocorreu.

Dentro das quatro linhas, destaque para o surpreendente Fluminense, não tinha visto nenhum jogo completo do time de Abelão, assisti no máximo 30 minutos iniciais contra o Sinop e pelo jeito não foi muito parâmetro, o time está muito aguerrido, bem renovado e fez frente contra o esquadrão rubro-negro.

O Flamengo mostra que o seu time é muito bom, mas ajustes defensivos do time todo ainda se fazem necessário.

O jogo foi divertidissimo, o melhor do ano até aqui mesmo com as excessivas falhas defensivas.

Mas o melhor de tudo, o jogo teve duas torcidas, teve gritos de um lado e do outro, teve uma parcela em silêncio enquanto seguia atrás do placar e depois a explosão na hora do gol. Teve canto para um lado e para o outro e mostrou que a violência é um mal social do nosso país, que devemos tratar ele sim, mas que não precisamos limitar o jogo a parte alegre dele.

É aquilo que já disse várias vezes aqui no blog, a questão é punição séria, quem leu a entrevista antiga do ex-líder da Mancha que morreu assassinado recentemente viu. Ele disse “Se na primeira vez que tivesse brigado fosse preso, fichado…Na segunda, tivesse de cumprir um mês de cadeia. Na terceira, dois meses…Você pode ter certeza que não brigaria a quarta vez. Mas a impunidade é a maior incentivadora dos torcedores organizados.”

Está claro, nítido, dito por alguém que criou uma torcida e se envolveu por diversas vezes em brigas, a impunidade é a mãe da violência sem sentido, o cara sabe que nada acontecerá a ele.

O Brasil tem várias mazelas que precisam ser sanadas, educação é uma gigantesca e que vamos andando para trás nos últimos meses, ela que consequentemente poderia dar sustentação para no longo prazo arrumar a violência.

Mas, por enquanto dá para tomar medidas sérias para punir reincidentes dentro do futebol, não é tão difícil e dá para parar com esse comodismo que colocar torcida única para os marginais irem brigar a 50km de distância.

Que o Fla x Flu de ontem, seja bem mais que uma Taça Guanabara, sirva de verdade para todo mundo lutar pelo futebol na sua origem, com duas torcidas e sem marginal querendo briga.

Tem gente que não entende o futebol…

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Ontem foi aniversário do Rei e também o dia que vi a virada mais épica da minha vida, não sei quando verei alguém tirar 4×0 contra e fazer 6 no jogo de volta, como fez o Guarani, ainda mais para um time que também foi buscar um 3×1 para ir as finais.

A história completa dessa saga deixarei para outra hora, deixa a final acontecer e voltamos a contar a epopéia completa do Bugrão.

Sobre o aniversário do rei, recomendo a todos a lerem um texto que fiz no passado sobre isso, clique para ler.

Porém, entre essas duas histórias maravilhosas que relembram o quanto o futebol é mágico, outras duas vieram na contramão para tratar o torcedor da pior forma possível e mostrar que a preguiça, a falta de compromisso e o desleixo ainda tomam conta de alguns setores.

Primeiro foi o absurdo bloqueio feito nas proximidades do Allianz Parque, só quem estava com ingresso poderia passar pelo bloqueio, acabando com a bela festa feita pela torcida antes do jogo começar, até porque nem sempre toda a torcida vai para o estádio, as vezes a grana tá curta, ou o ingresso acabou, nem por isso, eles não podem se reunir para ver os amigos, criticar aquele volante, elogiar aquela promessa, chamar o treinador de teimoso, etc.

Depois, a atitude da polícia carioca ao colocar os 3 mil corintianos todos sem camisa, conforme a foto acima, como se uma revista de presídio ocorresse, algo completamente desproporcional para humilhar todos em detrimentos de alguns marginais.

Por fim, chegamos ao ponto principal, essas duas medidas foram feitas para coibir violência. Uma eventual que poderia ocorrer próximo ao estádio palestrino e a que realmente aconteceu inclusive contra um PM dentro do Maracanã.

A questão que fica é sempre a mesma, quando realmente vamos mergulhar no tema profundamente e criar leis sérias para punir os bandidos, parece chover no molhado, é sempre bater na mesma tecla. Generalizamos a torcida, abandonamos elas e entregamos na mão da criminalidade, não punimos realmente, porque é interessante manter esse sistema e por fim vamos matando aos poucos a festa do futebol.

Quando realmente cuidarmos do nosso patrimônio, imagina só, até duas torcidas misturadas no estádio será possível, porque os bandidos ou estarão presos, ou estarão com medo de sofrerem a punição que realmente aconteceria.

A semana terminou linda, a virada do Bugre é de lavar a alma de ver que o futebol é caprichoso e incrível, mas tem gente afim de atrapalhar demais isso.

É preciso realmente ser co-irmãos…

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O mimimi de Roberto de Andrade é o retrato mais evidente de como funciona o futebol em nosso país.

Somente o meu ponto de vista interessa, somente aquilo que me interessa eu me posiciono, o resto fica para cada um cuidar do seu problema. Aliás, trouxe o exemplo de Roberto de Andrade porque apesar de gostar no geral de sua atribuição como presidente de um grande clube e ele tem passado por situações antagônicas.

O próprio Roberto que reclamou do que a CBF fez com Tite, foi lá e fez igual com o Grêmio, ao tentar convencer o treinador a ir atuar em seu time. Foi o próprio Roberto que disse que o problema da Portuguesa era só dela, ao invés de sentar e decidir por uma melhoria dos clubes coletivamente.

Foi ele também que já exigiu punição para torcida organizada rival, mas colocou a do seu clube para conversar em uma salinha com os jogadores do seu time, em puro ato de coerção ao elenco.

E que fique claro, usei o Roberto de Andrade como exemplo pelos casos recentes, isso repete com recorrência absurda pelo Brasil inteiro. É o oportunismo e imediatismo brasileiro que aflora, é como dizemos várias vezes o futebol explica o Brasil e vice versa.

Nada do que acontece na nossa sociedade não está espelhada ali dentro dos campos, é preciso muito mais que medidas, é necessário mudança de cultura, de valores, uma transformação profunda na forma como vemos as nossas relações.

Em recursos humanos, na área que trabalho, o que vemos cada vez mais é o fim da relação de independência, o que está em evidência é a interdependência, a necessidade de todos se ajudarem para permanecerem vivos.

Cada clube pode ter sua autonomia, sua forma de se gerenciar, de como quer atuar dentro do mercado do futebol, quais serão seus parceiros principais e como será a relação com cada um e qual o papel, porém é fundamental que se entenda, que sem os demais clubes, ele também morrerá.

Os clubes precisam entender, que acabou a fase que bastava pensar em si, para a sua sobrevivência é preciso que todos sobrevivam, sozinho um clube não terá função nenhuma no futebol.

A interdependência é premissa básica para todos no futebol hoje em dia, se não o colapso que já se evidencia, será inevitável.

Nunca a palavra co-irmão fez tanto sentido para a continuidade do nosso querido futebol.

Torcida não foi feita para fazer reunião em salinha com jogadores…

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Ontem vi uma declaração de Eduardo Ferreira, diretor de futebol do Corinthians que ele considera normal a cobrança da torcida organizada aos jogadores, que para ele faz parte da cultura corintiana e que por isso que ele autorizou a entrada da torcida para conversar com seis jogadores.

Legal é perceber alguns detalhes dessa declaração, primeiro até o final de 2014, Eduardo Ferreira era Edu da Gaviões, figura do alto escalão da principal organizada do Corinthians, a mesma que ele autorizou entrar para conversar com o jogador.

Outra questão tratar como cultural é como falar da nossa corrupção, sempre adulteramos para pagar meia, sempre teve essa comissãozinha extra, o famoso sempre foi assim.

E por fim sobre alguns aspectos importantes, nunca ouvi falar de uma reunião após uma sequência de vitórias, para parabenizar o grupo, então o discurso dele de que não foi bronca é pura balela, foi apoio, mas foi apoio condicionado a resultado, logo foram colocar os jogadores na parede.

Eu discordo completamente desse tipo de abordagem, eu sou da teoria de cada um tem seu papel, o da torcida compete a torcer, cobrar, apoiar e etc, mas tudo dentro do seu espaço, a arquibancada. O torcedor deve ter o direito de levar faixar para criticar alguém ou até mesmo entregar qualquer manifesto na porta do clube, agora fazer reunião direta com o elenco, não faz parte do papel da torcida.

E aqui a crítica não fica para o Corinthians somente, o post aproveita o que aconteceu no clube, mas sabe que ontem foi no São Paulo, amanhã é no Flamengo, depois do Grêmio e etc, passando por todo mundo.

Eu só reforço que torcida não feita para reunião em salinha com jogadores. Até porque o resultado só permite duas possibilidades, ou alguns jogadores estarão rendendo por medo provisoriamente até conseguirem trocar de time ou já optarão por pula fora logo. Tem gente lá dentro para fazer isso, inclusive o Sr. Edu da Gaviões, que deveria estar lá para ser a ponte nessa relação e não o acesso direto.

Por mais FlaFlus assim…

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E nesse fim de semana teve Fla x Flu em São Paulo. Dentro do Pacaembu, repetindo um feito de 74 anos atrás e a primeira vez pelo campeonato carioca.

O jogo em si, não merece tanto destaque, um 0x0 com algumas chances, mas da pra cravar que foi um sucesso absoluto. Mais de 30 mil pessoas foram prestigiar o clássico. Fazia tempo que não se via o Pacaembu tão cheio.

O sucesso fez reacender a dúvida sobre torcida mista, torcida dividida e outras coisas mais. Sinceramente, acho a ideia de torcida mista, maravilhosa, já funcionou no Nordeste, já funcionou duas vezes em Grenais, acho uma forma bacana de permitir a convivência amistosa.

É chover no molhado, mas a violência entre torcidas organizadas só diminui quando houver punição séria, enquanto isso, a sensação de impunidade rodeia a cabeça de quem vai para o jogo para brigar.

Foi muito bom ver a festa no Pacaembu e que comece a valorizar o espetáculo que é o futebol, por mais Fla x Flus assim.

O sol continua sendo tapado com a peneira…

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E eis que teremos um derby paulista com torcida única.

Não teremos nem mais 10%, tampouco um duelo de torcidas durante o jogo. Teremos apenas a do Palmeiras gritando e incentivando seu time. E quando quiser também poderá ficar em silêncio um pouquinho, já que não terá nenhuma torcida rival aproveitando o momento para incentivar o adversário.

Não irei usar o termo falência do futebol, porque nossa matéria-prima e paixão pelo esporte é tanta que não tem como decretar falência dele, mas é uma sensação horrível, como se o futebol tivesse pegado uma via paralela a sua história, nem volta pra trás (já que nunca houve algo parecido) e nem avança, a estagnação e deterioração é o que imperam no futebol.

O que me assusta é o medo de tratar o problema, as soluções propostas são sempre para mascarar, ganhar tempo, empurrar com barriga, para ver se de repente o problema some sozinho, desaparece e ninguém precisou fazer nada.

Proibir a torcida de ir ao estádio, não acaba com a violência, apenas muda ela de lugar, será em uma estação de metrô, em uma rua qualquer ou pela marginal Tietê. Só preserva o patrimônio privado do Palmeiras, seu estádio. Uma decisão puramente individualista da instituição Palmeiras, através de Paulo Nobre, e comoda para o Ministério Público.

É chover no molhado , é bater na mesma tecla, a solução é orientar, educar e no caso dos infratores puní-los, seja com atividades sociais de conscientização, seja com passar o periodo do jogo dentro da delegacia. Existem pessoas competentes para pensar na melhor solução.

Contudo, o sistema do “rabo preso” que impera em nosso país, onde todo mundo deve para alguém, impede que clubes, federações, orgãos públicos e a própria torcida organizada criem medidas para afastar os bandidos dela.

Continuamos tapando o sol com a peneira ao invés de resolver realmente acabar com a violência no futebol.