É mais fácil lidar com o time do comentarista, né?

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E a foto acima gerou um frisson nas redes sociais ontem.

Nela, Mauro Cezar Pereira, comentarista da ESPN aparece em meio a torcida do Flamengo no jogo do Pacaembu, vestindo camisa do West Ham e agasalho do Milan.

Foi o suficiente para uma onda de ataques ao comentarista começar sobre a preferência clubística dele, primeiro porque Mauro sempre foi ácido (no bom sentido) e seus comentários mais duros, despertam a ira de todo mundo, segundo porque se criou uma obsessão estúpida sobre descobrir o time de cada comentarista.

Como o próprio Mauro disse, é engraçado como o torcedor se preocupa mais com a torcida de um comentarista do que de um presidente, técnico ou jogador do clube.

Além disso, sinceramente, não fui muito atrás da torcida dele, se é mesmo ou não para o Flamengo, porque eu mesmo já frequentei arquibancadas para assistir jogos de todos os demais grandes de São Paulo sem que o meu tricolor jogasse, assim como já assisti outros jogos de times quaisquer.

A grande questão é, porque importa tanto o clube do comentarista?

Para mim, é irrelevante o cara assumir ou não, muitos assumiram, assim como muitos preferem não relevar, é um direito deles e o saber deve ficar restrito apenas a questão da curiosidade. Do tipo, legal saber que fulano torce para tal time, mas e daí?

O importante é se ele realiza seu trabalho de maneira correta, informa, busca noticiar as informações sobre o tema proposto, tenta sempre dentro do razoável ser imparcial, ou seja, ser jornalista acima de tudo.

E Mauro, gostem ou não, é um ótimo jornalista, você pode não gostar da linha dele, mas não pode dizer que executa mal o seu trabalho.

E uma coisa que ele disse é bem interessante de se pensar, já parou para pensar que você (torcedor) se preocupa tanto com o que o comentarista que torce para o rival fala, porém pode ter um atacante resolvendo as partidas para o seu time que torce para o arquirrival? Ou que as decisões do seu clube passam pela mão de alguém que sempre torceu pelo outro time? Ou mesmo que um treinador pode enfrentar o time do coração e ser sensível a isso?

Pois é, pense bem, talvez saber por qual time o comentarista torce é mais fácil de lidar né, por isso a obsessão absurda, porque se começar a olhar dentro do próprio time, pode se assustar.

Simpatia sim, e se possível mais torcida também!

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Amistoso entre Real x Manchester dia 02/08/2014. Público de mais de 109.000 pessoas.

Entre um tweet e outro que lia, parei em um do Rica Perrone que dizia sobre as torcidas no Brasil. Nele, ele afirmava que o número representa algo maior do que a quantidade real de torcedores, tratava-se de uma soma entre torcida e simpatizantes.

E ele alegava isso em virtude das grandes dividas dos clubes. Por exemplo, se o Flamengo fizesse um programa “Recupera Flamengo”, onde cada torcedor contribuísse com R$ 2,00 por mês. Sendo assim, o clube que segundo pesquisas tem 30 milhões de torcedores, teria 60 milhões por mês e R$ 720 milhões em um ano.

720 milhões! Dinheiro para comprar um Messi por ano!

Mas, porque isso não funciona?

Porque segundo Rica, desses 30 milhões, boa parte é apenas simpatizante. Aquela esposa que torce para o time do marido para agradar, aquele filho que só curte MMA ou basquete e decidi torce para um clube para acompanhar o pai nos estádios. E por aí vai?

Confesso que sem a questão numérica que trouxe de exemplo, acharia exagero essa história toda, mas com ela eu fui atrás dos números de sócio-torcedor. Aí, é outro exemplo de como nós simpatizamos com nosso time e não torcemos.

Para se ter uma ideia, o Internacional que é disparado o clube com o maior número de sócios-torcedores, possui aproximadamente 120.000 sócios, o que representa apenas 3% da sua torcida. Flamengo e Corinthians então, possuem 0,17% da sua torcida como sócio-torcedor.

0,17% é menos que 1% mesmo.

Muitos dirão que também não acham certo, simplesmente entrar no programa só para ajudar o clube sem contrapartida, ou que muitos estão distantes geograficamente e não vale a pena, ou que não possuem dinheiro para ajudar. E todos eles são válidos.

E não acho que precisamos chegar a 100%, 50% de sócios-torcedores. Talvez 5%, o mais ousados a 10%. Não trouxe esses números, para convencer alguém a ser sócio-torcedor, só acho que o número baixo tem relação com o sucateamento do nosso produto. M

Dentro do furacão 7×1, aqui está outro exemplo de como o futebol é um subproduto no Brasil. A torcida não torce porque o espetáculo é ruim, o espetáculo é ruim porque não tem torcida, aí não tem dinheiro, aí a TV perde o interesse. E aí, queremos botar a culpa apenas nos 23 que vestem a amarela.

Simpatia sim, e se possível mais torcida também!