“Já não está na hora de procurar um trabalho sério?”

cicinho200716

O programa Bola da vez traz sempre bons personagens e quando eles possuem pré disposição para falar, fica melhor ainda. Ontem foi a vez do Cicinho, o lateral de 36 anos com passagem de destaque pelo São Paulo, além de Botafogo-SP, Atlético-MG, Botafogo, Real Madrid, Roma, VillaReal, Sport e Sivasspor.

E entre um causo e outro da sua vida, envolvendo até o sério problema com álcool, até as peripécias dos bastidores da bola, um momento me chamou atenção. Quando entre ele explicar os melhores treinadores e o pior, Cicinho deixou mais uma evidência do que é o jogador brasileiro.

Ele escolheu Levir Culpi e Paulo Autuori entre os melhores, destacando muito mais suas características pessoais do que a parte tática e conhecimentos de um treinador, enquanto ao criticar Ranieri, falou da sua metodologia e emendou “ele pegava no pé”.

O jogador brasileiro demora para entender que jogador de futebol é uma profissão. Por muitas vezes, não trata como, e isso é cultural além das quatro linhas. Temos o costume de não encarar o músico, o ator, o atleta, até o professor como profissão.

Quantas vezes não perguntamos para nosso professor na escola, com que ele trabalhava, ou o famoso, “mas você só dá aula?”. E nas demais profissões, temos costume de achar que o cara aproveitou o hobby e ganha dinheiro com isso.

Quantas histórias entre nossos amigos que seguiram por essas profissões não foram rodeadas pela pergunta infame de alguém da família, “Quando ele vai procurar um trabalho?”. Perpetuamos entre nós a desqualificação dessas profissões.

Nossa formação cultural ensina a não tratar como profissão o jogador de futebol, e aí procuramos o tio legal e não um gestor como treinador. É mais fácil, gostar de quem passa a mão na cabeça do que de quem cobra você como um profissional remunerado para exercer sua função.

Achei mais incrível ainda, como nos pegamos no ego e nossa preocupação é apenas se não pega mal para o brasileiro ser visto dessa forma, sendo que vários brasileiros entenderam por conta própria que se trata de uma profissão desde cedo e a tratam como.

É necessário entender que falamos de uma profissão, que é por isso, que lá não tem concentração, nem sempre ônibus de jogo, é responsabilidade do jogador, ele escolheu essa profissão e deve entender o bônus e ônus de tal.

Cicinho, mostrou nas entrelinhas que continuamos achando o futebol um grande hobby que dá dinheiro.

E continuamos perguntando.”já não está na hora de procurar um trabalho sério?”

Brigando mais do que jogando…

lanceviolento170516

“Eu pensei que no Brasil o futebol era mais jogado, mas no fim ele é mais lutado.”

Foi com essa frase que durante uma entrevista o atacante do São Paulo, o argentino Jonathan Calleri resumiu suas primeiras impressões sobre o futebol brasileiro. Sim, um argentino que nós achamos que brigam mais do que jogam durante o jogo disse que a percepção dele é ao contrário.

Ou seja, Calleri, mostrou que o futebol brasileiro é menos jogado do que ele imaginava, consequentemente, menos jogado do que na Argentina. Fica claro que novamente caímos no campo tático, para se jogar mais, o time precisa estar mais organizado, com os atletas entendendo melhor sua função.

Às vezes, tenho a sensação de que para o resto do mundo, o futebol aqui ainda é meio varzeano. Um catado, onde cada um é indicado para uma função e onde é necessário se impor pela força durante o jogo, antes de jogar é preciso brigar mais do que o rival.

Isso não é uma critica ao futebol varzeano, é apenas uma característica do jogo, o que acontece é que como a varzea fica categorizado de maneira inferior ao profissional, a expectativa é que o profissional seja superior a ele, ainda mais em uma primeira divisão. Talvez na quarta divisão, seja mais parecido, na primeira não deveria.

Sei que já está ficando chato o tanto que escrevo sobre, já está virando uma série, mas é possível tornar o campeonato brasileiro uma das ligas mais legais do futebol, se não a mais legal. Mas é necessário falar muito para que quem tem poder para mudar, faça.

E por enquanto, nossos jogadores vão brigando mais do que jogando pela vitória.

O verdadeiro fato novo…

tite21

Acho engraçado como somos reféns dos nossos repetidos erros.

Reclamos da atuação da nossa seleção, esquecemos de olhar como o mundo faz e sentamos no ignorante isolamento de que resolveremos tudo aqui dentro. Precisamos assumir a primeira verdade, somos ultrapassados.

Nossa seleção sobrevive pelo talento, que é gigantesco, mas sempre teremos algumas seleções a frente coletivamente, enquanto continuarmos com esse pensamento bairrista.

Enquanto, uma filosofia, um esquema, um trabalho de formação real dos jogadores para que eles assumam a seleção não for feito, nossos times serão sempre catados, por muitas vezes ou sempre, ótimos catados, com a chances até de títulos, mas ainda sim, catados.

Outro questão importante fugindo da seleção, mas um mantra dentro do nosso território é a falta de paciência com o pofexo. Estamos insistindo na burrice de avaliar trabalho de treinador com apenas um mês, tanto para elogiar, quanto para massacrar.

De verdade, é possível alguma análise sobre o produto entregue por Aguirre, Bauza, Cuca, Deivid, Levir e Muricy? Cada um a sua forma, estão implantando sua filosofia, seu esquema tático, enquanto os jogadores estão ainda entendendo, consequentemente, errando muito para aprender.

É completamente absurdo julgar um trabalho antes de pelo menos um semestre. Qualquer outra decisão pela glória ou inferno de qualquer um desses é fruto de subjetividades nossas, é se apegar em misticismo, ou na velha máxima, era preciso um fato novo.

Fato novo hoje em dia em nosso futebol, é deixar um treinador trabalhar, isso sim um tremendo fato.

Se preocupar menos com panela e mais com profissionalismo…

copperpotsandpans

E hoje, no noticiário informal (Whatsapp e Twitter sem fonte confiável) corre um aúdio com algumas reclamações e considerações sobre os problemas que acercam o Palmeiras. Não acho que vale a pena entrar no mérito do conteúdo, porém algo comum a muitos clubes salta os olhos.

As panelinhas existentes no futebol. Quantas vezes não escutamos que em nosso clube existe a panela de ciclano, a do beltrano e do fulano. Quem ciclano se acha muito e que fulano que todo mundo da imprensa respeita e completamente desrespeitado dentro do clube.

Isso é normal, faz parte de qualquer organização empresarial inclusive. O que acha engraçado é o amadorismo que ainda lidamos com essa situação. E um amadorismo de todas as partes.

Da imprensa que continua vendendo isso como matéria. Da presidência e diretoria dos clubes por não gerenciarem essas situações em prol do time. Da torcida por entrar na pilha e querer escolher uma panela para defender e detrimento das outras. E de treinador e jogadores pelo mais importante, por não cumprirem suas funções.

Ora, jogador não precisa ser amigo de todo mundo, ele tem direito a escolher suas amizades e pronto. Contudo, é muito infantil, não entender que a vitória do time é o mais importante, inclusive para ele ter destaque, sem a vitória e os títulos ele se torna apenas um jogador lá, nos títulos, ele passa a ser um vitorioso.

Da mesma forma o treinador precisa deixar para lá, as panelas e cobrar o desempenho do jogador em campo, inclusive reportando a diretoria o que acontece, para eventuais punições e até suspensões dos jogadores.

E basta o Palmeiras olhar para a própria história, Alex relembra quando diz sobre a conquista da Libertadores de 99 que quase não tinha nenhum amigo, que o grupo era rachado nesse sentido, mas que altamente profissional e comprometido com que tinha que fazer dentro de campo. O resultado todo mundo sabe.

Aliás, não só o Palmeiras, o meu tricolor também e todos os demais clubes, precisam se preocupar menos com panela e mais com profissionalismo.

Identificação ou Banalização?

Estava lendo uma matéria no globoesporte.com (clique aqui para vê-la) sobre as homenagens que os clubes tem proporcionado para os atletas que atuam por mais de 100 partidas no time.

Apesar da dificuldade dos clubes brasileiros em manter seus atletas, devido a forte concorrência do mercado europeu, este tipo de comemoração ganha “ares de desespero” e vem sendo entregue a “qualquer” jogador.

Entendam que quando digo qualquer, não me refiro a qualidade técnica do jogador, mas sim a importância dele na história do clube. Hoje em dia jogadores, não possuem mais identificação com a camisa do clube, trata-se apenas de um mero negócio, hoje faço 100 partidas no Palmeiras, amanhã faço 100 partidas no Corinthians.

Acho que esse tipo de premiação perde um pouco o valor, quando tratada apenas pelo o número, até porque hoje no futebol brasileiro que possui um mega calendário, qualquer jogador que se dedicar um ano e meio por um clube de ponta, faz 100 partidas tranquilamente.

Portanto, refaço a pergunta da matéria do site do globoesporte.com, para vocês esse tipo de homenagem é válida?

Ainda somos tão amadores!

Galera do blog mais querido, após ver o que aconteceu com o Ricardo Gomes fui atrás para saber como funcionava na pré-temporada a preparação dos treinadores e para variar “fomos surpreendidos novamente”.

Eu poderia dizer que todos os treinadores não realizam nenhum teste médico para verificar suas condições de trabalho, um absurdo, eu disse poderia, porque apenas uma ilustre figura toma todas as devidas preucações sobre a sua saúde, ele atende pelo nome de Mano Menezes. O treinador corintiano realiza diversos testes médicos junto com o grupo na pré-temporada para ver como anda a sua saúde.

Eu não me conformo como esses profissionais ignoram um aspecto tão importante para a continuidade do seu trabalho, a sua saúde. O que aconteceu com Ricardo Gomes foi gravíssimo, um AVC pode levar a morte, por muita, muita sorte Ricardo Gomes nem sequela terá depois do incidente.

Deviámos levar um pouco mais sério nosso esporte mais popular, todos os envolvidos deveriam fazer sua parte em busca do profissionalismo. Todos, inclusives os “pôfessores”.