Meu pedido ao Papai Noel

papainoel261216

Eu sei que o Papai Noel já passou, mas como ele é um bom velhinho queria deixar aqui um pequeno pensamento sobre como eu vejo que o futebol possa fazer para contribuir com o ideal natalino.

Eu acho que o esporte molda o caráter e também depois de certo tempo mostra como é o caráter e personalidade de cada um.

Tem jogador que troca de time tranquilamente, não tem compromisso com o time e tampouco em entender a paixão do esporte, provavelmente é alguém que combina algo com um grupo de amigos e desmarca depois por algo que ele considerou mais vantajoso sem nenhuma vergonha.

Tem jogador que apesar de tudo conspirando contra e um mundo caindo, não quer sair do clube, acha que possui uma dívida com ele, porque foi ele que abriu as portas para a carreira dele, pode ter certeza de que você não encontrará pessoa mais fiel ao seu lado.

Isso sem falar nas características dentro de campo.

Tem jogador que arrisca passe, arrisca chute, arrisca drible, arrisca tudo. Sabe aquela pessoa que se joga sem medo, sofre as consequências por se expor demais, falar demais, fazer demais, é ele.

Agora tem o outro, aquele que só ataca na boa, só chuta quando não tem como errar, passe lateral sem a menor possibilidade de erro, é praticamente aquele amigo que tem a rotina estabelecida da mesma forma nos últimos 10 anos, mudar qualquer coisa é um suplício para ele.

Mas acima de tudo, o futebol pela coletividade que ele impõe, faz tudo mundo respeitar todo mundo, faz o mais falante lidar com o tímido, porque durante o jogo um precisa do outro para vencer, faz o rico dividir o almoço com o pobre sem distinção, porque o uniforme é igual, a refeição é igual, o banco onde sentam é o mesmo.

O futebol não permite preconceito (ou não deveria), porque dentro de campo, independente da sua orientação religiosa, sexual e seja lá qual mais, o time junto e com todos estarão lá em busca da vitória.

Portanto, bom velhinho, se tem algo que eu quero te pedir nessa cartinha atrasada, é que as pessoas entendam que o futebol é gregário, característica essencial para o ser humano sobreviver.

E em tempos onde é tão difícil entender que dividir não é subtrair, espero que o futebol e os demais esporte ajudem a melhorar cada vez mais a convivência coletiva.

Acho que fui um bom menino, tá?

A estupidez do grito de tiro meta…

buffon080816

Eu nunca achei que esse tema fosse gerar um post no blog, quanto mais ter conteúdo suficiente para escrever sobre. Minha vontade é de dizer que é tão estúpido e retrógado que deveria valer punição de mando ao clube e ponto final.

Mas não, resolvi, estender um pouco mais a discussão sobre, lembrar como ele começou para ver se quem sabe, se tem um caminho para isso acabar.

O grito é oriundo no futebol sulamericano, nos países que possuem o espanhol como lingua e a palavra original é “puto”, uma forma de xingar que poderia ser trocada por seu merda, seu imbecil, seu bosta, seu incompetente ou já lembrando da propaganda da Tigre, seu bobão.

Porém, a torcida do Corinthians introduziu ela ao nosso futebol nos jogos contra o São Paulo, fazendo uma singela alteração, trocou puto por bicha e o grito virou, “ooooo…bicha” a cada tiro de meta cobrado. A partir daí, a cambada machista e disfarçada de macho nas arquibancadas resolveu adotar para todos os times contra todos os rivais.

E veja só, chegou inclusive, para os torcedores da seleção brasileira, que chamam o goleiro da África do Sul e do Iraque de bicha a cada tiro de meta, algo que com certeza deve tirar a concentração deles, porque eles devem entender tudo que tem sido dito.

Dito isso, vem a pior parte, até quando vamos tratar o grito de bicha como uma ofensa?

É sério mesmo que todo mundo que grita isso no estádio acha que estará ofendendo alguém chamando de bicha? E partindo dessa pergunta, duas conclusões.

Se você acha que não, porque catzo continua xingando? Porque simplesmente entre você e seus amigos não trocam por puto ou por imbecil, acredito que possa ter mais efeito sobre o goleiro rival. Ou até mesmo o velho e querido frangueiro, imagina que legal o cara escutar o jogo inteiro que ele é frangueiro, parece mais ofensivo, não?

Agora, para você que acha que sim, só lamento, espero de verdade que você não tenha ninguém no círculo familiar e de amizade que considere cretino alguém achar que bicha é ofensa. Pois, o cretino será você, aliás cretino é outra ofensa ótima para tentar desestabilizar o goleiro.

Por fim, quem sabe algum clube faça alguma ação bacana e peça para que parem com essa babaquice, por fim, foi o que eu disse, minha vontade é de dizer que é tão estúpido e retrógado que deveria valer punição de mando ao clube e ponto final.

Exaltando à toa nas mesas redondas de domingo.

arbitragem

Vira e mexe nossa arbitragem resolve aparecer, sendo que em algumas rodadas, a vontade é um pouquinho maior do que nas outras, como aconteceu nessa 16ª rodada que ainda tem um jogo para encerrá-la.

Com destaque para o jogo do Corinthians e da Ponte, onde os erros foram importantíssimos para o rumo da partida. No primeiro, a não expulsão de Cássio contribuiu para o Corinthians conseguir buscar o empate, assim como no da Ponte, o time do interior teve um gol anulado e dois pênaltis não marcados, interferindo diretamente no empate contra ironicamente o time do DVD.

O Inter que adora fazer um DVD para reclamar da arbitragem, que seria saber se a partida de ontem, entrará no playlist.

Aliás, aproveitei essa deixa do DVD para destacar exatamente isso, é quase impossível cravar que a arbitragem erra a favor de alguém ou de algum eixo, a arbitragem erra para todos os lados e erra muito.

Se existe algum esquema é com apostadores, e aí o erro para todos os lados é mais conveniente. Mas aí, é pura especulação, é preciso seriedade para fazer qualquer acusação. Eu simplesmente fico com a opção que os juízes erram.

Muito se fala na profissionalização como caminho, contudo, apesar de por muitas vezes, eu mesmo defender, existe uma questão curiosa, em qual outro país, esse formato funciona, onde o árbitro é exclusivamente árbitro, não possui outra atividade remunerada?

Portanto, mais do que a profissionalização, é preciso adequar o formato, o jeito que a informação é tratada. Escutando o Sálvio Spinola falar, o que acontece na maioria dos países que aqui não é a forma.

Por exemplo, os árbitros de cada campeonato são definidos antes e tem alguns encontros antes e durante para alinhamento e debate sobre alguns lances polêmicos. No Brasil, tem árbitro que é escalado para uma Série, por exemplo, quase no final do primeiro turno e os lances são apenas vistos pelo próprio quando acontece um burburinho muito grande, caso contrário, o árbitro pode ficar dias sem olhar seus eventuais erros.

E aí, voltamos a turma do DVD, onde agora incluo todos os times, eles também precisam querer arrumar isso, não adianta vir a público apenas para reclamar quando é contra si e fazer cara de “poisé” quando acontece a seu favor. Isso é jogar para torcida e não resolver nada.

Como já disse algumas vezes, é preciso união real para arrumar, pois senão continuamos apenas nos exaltando a toa nas mesas redondas de domingo.

M***@ é o tipo de declaração que ele deu.

DuvierRiascos

A declaração de Riascos foi a jogada da rodada do Brasileirão.

Ainda temos um jogo, mas salvo alguma outra maluquice, é bem provável que Riascos tem sido o personagem dessa rodada.

Muito mais do que sinceridade, a declaração é uma tremenda falta de respeito com a instituição.

Riascos pode alegar que a palavra merda foi utilizada para simbolizar a situação e não o clube, ou que ainda não tenha entendido o real significado da palavra dentro do país, certo é que mesmo com esses possíveis atenuantes, a declaração é pesada demais, forte demais.

Defendo a decisão do Cruzeiro, e acho que assim como os clubes se uniram, enfim, para cobrar o presidente da CBF a cumprir a lei, era hora de olhar essas situações com mais carinho.

Pois existem dois caminhos, caso os atenuantes sejam aceitos, Riascos segue sua vida e espero que entenda o que fez, porque qualquer clube poderá olhar com desconfiança para um atleta que em qualquer momento ao explodir irá falar as mesmas bobagens que ele disse.

Caso os atenuantes não existam ou não sejam muito bem “engolidos”, a sensação que fico era que Riascos não deveria mais atuar em nenhum clube no Brasil. Pois, quem aceitar Riascos estará aceitando o que ele disse sobre o Cruzeiro e nem mesmo o seu principal rival tem direito de achar isso.

Antes de continuar, só reforço que essa possibilidade, só é válida para mim caso, Riascos não se desculpe ou sua desculpa não pareça nenhum um pouco verdadeira e sem atenuante.

Voltando ao fato, acho que ao pensar em um futebol melhor, acho que a união de todos é fundamental para isso, assim como jogadores devem se unir para brigar por direitos melhores para toda a categoria, os clubes também devem se unir para a melhoria do nosso espetáculo.

E nesse cenário, ter um atleta que desrespeita alguma instituição da forma como o colombiano fez é completamente fora de cogitação, foge daquilo que se espera por melhorar o futebol. Diferentemente, de alguém que cobra, briga e luta para que o clube respeite o atleta, o que Riascos fez, só faz o clube pouco se importar com a figura do atleta.

Não sei o que deu em Riascos, tampouco imagino o que ele falará nos próximos dias, inclusive se ele irá falar alguma coisa, mas é bom que agora ele entenda o significado de merda.

Merda é o tipo de declaração que ele deu.

Esse armário pesado do futebol…

orlandocity220616

E o Estados Unidos pode ser muito marketing, porque ainda carrega muito preconceito em todo o seu estado, mas pelo menos, as grandes marcas não se escondem de tentar mudar essa história.

Em menos de uma semana, duas histórias distintas mostram duas grandes marcas na luta pela causa LGBT. Primeiro, após o terrível atentado em Orlando o time de Kaká que fica na mesma cidade fez uma ação de incentivo para a causa durante o jogo, além de comunicação visual fixa durante o jogo e uma verba destinada para ajudar na causa.

Além disso, pela segunda vez na história a NBA pode ter seu segundo jogador assumidamente homossexual, durante o DRAFT, o menino Derrick Gordon pode ser escolhido, ele que assumiu quando atuava pelas ligas universitárias sua orientação sexual.

Aí, entrei em uma discussão breve com um grande amigo e assíduo leitor do blog, André Russo, sobre o quão distante estamos de fazer ações como essa no futebol. E cheguei a conclusão que não apenas aqui em terras tupiniquins, mas em todos os grandes centros de futebol, é difícil imaginar tais acontecimentos.

Certa vez, vi uma campanha da liga belga (se eu não me engano) sobre o apoio ao jogador “sair do armário”.

Porém, acho que o machismo e o preconceito velado (que é o pior para mim) tornar muito difícil um grande clube fazer qualquer ação de apoio a comunidade LGBT, quiça receber um atleta assumidamente homossexual em seu elenco.

Lembro quando certa vez foi anunciado na Globo que algum jogador de futebol iria assumir sua homossexualidade e gerou aquele burburinho, porém na hora mesmo do programa, a assessoria de imprensa do jogador voltou atrás e cancelou a entrevista, orientada (diga-se pressionada) pela diretoria do clube.

Por isso acho que a ação americana, principalmente dentro do Orlando City foi possível, além de uma cidade que vê seu time apenas engatinhando sua história, é um país onde o futebol não é uma referência de esporte masculino para eles.

Não estou diminuindo a ação americana, pelo contrário, acho incrível que souberam aproveitar o momento e o posicionamento que o futebol possui na sociedade deles para promover a ação, assim como no caso do atleta da NBA é de uma coragem ímpar.

Contudo, acho que por aqui ou nos grandes clubes europeus, esse preconceito segue da pior forma, o velado, onde todo mundo adota a postura social de negar qualquer tipo de preconceito, mas se omite em qualquer situação que exija um posicionamento.

O problema é porque o armário deve ser antigo, aí é bem mais pesado (madeira maciça) para carregar e deixar a porta livre para ser aberta.

É preciso realmente ser co-irmãos…

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O mimimi de Roberto de Andrade é o retrato mais evidente de como funciona o futebol em nosso país.

Somente o meu ponto de vista interessa, somente aquilo que me interessa eu me posiciono, o resto fica para cada um cuidar do seu problema. Aliás, trouxe o exemplo de Roberto de Andrade porque apesar de gostar no geral de sua atribuição como presidente de um grande clube e ele tem passado por situações antagônicas.

O próprio Roberto que reclamou do que a CBF fez com Tite, foi lá e fez igual com o Grêmio, ao tentar convencer o treinador a ir atuar em seu time. Foi o próprio Roberto que disse que o problema da Portuguesa era só dela, ao invés de sentar e decidir por uma melhoria dos clubes coletivamente.

Foi ele também que já exigiu punição para torcida organizada rival, mas colocou a do seu clube para conversar em uma salinha com os jogadores do seu time, em puro ato de coerção ao elenco.

E que fique claro, usei o Roberto de Andrade como exemplo pelos casos recentes, isso repete com recorrência absurda pelo Brasil inteiro. É o oportunismo e imediatismo brasileiro que aflora, é como dizemos várias vezes o futebol explica o Brasil e vice versa.

Nada do que acontece na nossa sociedade não está espelhada ali dentro dos campos, é preciso muito mais que medidas, é necessário mudança de cultura, de valores, uma transformação profunda na forma como vemos as nossas relações.

Em recursos humanos, na área que trabalho, o que vemos cada vez mais é o fim da relação de independência, o que está em evidência é a interdependência, a necessidade de todos se ajudarem para permanecerem vivos.

Cada clube pode ter sua autonomia, sua forma de se gerenciar, de como quer atuar dentro do mercado do futebol, quais serão seus parceiros principais e como será a relação com cada um e qual o papel, porém é fundamental que se entenda, que sem os demais clubes, ele também morrerá.

Os clubes precisam entender, que acabou a fase que bastava pensar em si, para a sua sobrevivência é preciso que todos sobrevivam, sozinho um clube não terá função nenhuma no futebol.

A interdependência é premissa básica para todos no futebol hoje em dia, se não o colapso que já se evidencia, será inevitável.

Nunca a palavra co-irmão fez tanto sentido para a continuidade do nosso querido futebol.