
Paternalismo, em sentido lato, é um sistema de relações sociais e trabalhistas, unidos por um conjunto de valores, doutrinas políticas e normas fundadas na valorização positiva da pessoa do patriarca. Em sentido estrito, o paternalismo é uma modalidade de autoritarismo, na qual uma pessoa exerce o poder sobre outra combinando decisões arbitrárias e inquestionáveis, com elementos sentimentais e concessões graciosas.
Meritocracia (do latim meritum, “mérito” e do sufixo grego antigo κρατία (-cracía), “poder”)1 é um sistema de gestão que considera o mérito, como aptidão, a razão principal para se atingir posição de topo. As posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento e entre os valores associados estão educação, moral, aptidão específica para determinada atividade.
No futebol, é fácil enxergar os dois exemplos, ou até mesmo explicá-los.
O Paternalismo é figura antiga na sociedade, quase sempre as pessoas se apegam a ele em situações extremas, é mais fácil, não precisa justificar, basta se apegar a questões emocionais, como argumentar com algo subjetivo.
É assim no futebol, quantas vezes não vemos algum treinador que passou pelo clube, não insistir em alguém porque confiava, ou simplesmente porque esteve junto do treinador nos piores momentos.
Veja Tite e a insistência no Corinthians descompromissado após o título contra o Chelsea, porque não trocar as peças, não renovar. Para Tite era uma questão de compromisso com os atletas que levaram ele ao título, ele seria “injusto”.
Adotar a meritocracia no futebol é processo complicado, é racionalizar demais o futebol que é tão emocional.
Imagina que você precisa decidir o último zagueiro que você levará para uma Copa do Mundo.
De um lado, um cara que você conhece bem, esteve com você na sua última conquista importante por um clube. Possui boas qualidades, mas atuou apenas 14 vezes por cerca de 700 minutos que dá quase 8 partidas completas.
Do outro lado, um zagueiro que você nunca conviveu, sabe que saiu do Brasil em grande fase e ela só aumentou com o que aprendeu na Europa. Atua por um clube médio, mas que pode ganhar os principais títulos, desbancando dois monstros do futebol. Atuou em mais de 40 partidas, com mais de 2.600 minutos dentro de campo.
E então, o que você decide?
Pois entre a certeza do que já se conhece mesmo sendo inferior contra o desconhecido melhor, Felipão mostra porque é tão mais simples optar por Henrique ao invés de Miranda.
Lembram da pergunta ontem:
– Felipão, porque o Henrique?
– Porque confio nele.
Em nenhum momento, Felipão qualificou a escolha, não disse se Henrique foi escolhido pelo bom passe, pela liderança, pelo posicionamento na bola aérea, por nada disso. Simplesmente, porque como diz a Volkswagen, você conhece, você confia.
Fica impossível discutir com esse argumento.
Miranda merece mais, mas na família Scolari é o Pai Felipão que escolhe.