Silêncio, o espetáculo vai começar…

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Eu juro que o cartão amarelo que o Sidão (goleiro na reserva naquele instante) recebeu no clássico paulista ficou consumindo minha mente até esse momento, o cartão foi dado por ele levantar e ir comemorar com Pratto o primeiro gol no clássico.

Primeiro proibiram as bandeiras, depois as torcidas misturadas ou divididas, depois a explosão da comemoração está totalmente condicionada e agora nem o companheiro reserva pode mais comemorar junto com o atleta que fez seu gol.

Qual a necessidade ou o que motiva uma decisão dessa?

Primeiro que para mim, ninguém que toma essas decisões realmente gosta de futebol, nem digo que precise ter jogado, porque isso já é claro que nunca fez, jamais deve ter cobrado um lateral com a mão, imagina tentar um gol olímpico, no máximo jogaram videogame ou jogam.

Mas realmente o que mais me incomoda, é que eles não possuem nenhuma emoção referente ao esporte, como podem não se encantar com um setor cheio de bandeiras tremulando, como podem não entender que estar no estádio rival como torcedor e vencer é uma sensação única, privar o atacante de explodir na hora do gol, inclusive indo comemorar juntos de todos os demais, para mostrar a união do time? Como?

Para mim, os únicos assuntos polêmicos referem-se a briga de torcida e a comemoração do gol com mensagens de cunho religiosa, política ou comercial. O primeiro, porque acima de tudo, é chover no molhado, mas não custa repetir, falta punir de maneira séria, enquanto isso, tanto faz o veto, a briga ocorrerá dentro, no entorno ou a 50km do estádio.

Sobre o gol, o cara premeditar uma ação de marketing, política e ou religiosa pode ser punida, porque foi premeditado, mas mesmo assim, tenho minhas ressalvas quanto proibir, já que deveria se ter uma liberdade de expressão no âmbito político e ou religioso, talvez as ações de marketing que sejam desnecessárias.

Contudo, a preguiça de se discutir e cuidar do futebol é tamanha, que para que ninguém mostre uma camisa que incomode a alta cúpula do futebol, proibi-se de tirá-la e pronto, mas não trata e condiciona o atacante a uma comemoração menos efusiva quando marcar um gol importante ou depois de um longo jejum.

A sensação de que eles são tão ignorantes sobre o assunto futebol, que quando disseram que queríamos voltar a ver espetáculos dentro de campo, eles acharam que falávamos de teatro e estão pedindo silêncio sempre antes e depois de qualquer ato.

Silêncio, o espetáculo vai começar.

Falta: o principal recurso!

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Você acha a falta um recurso do futebol?

Eu acho, mas ele não precisa ser o primeiro e com certeza muito dos problemas da qualidade de nossas partidas partem dessa premissa.

Ontem fui ao Morumbi ver o jogo do meu tricolor, antes de entrar no estádio, parei em uma lanchonete próxima do Cícero Pompeu de Toledo e assisti ao clássico paulista entre Santos x Corinthians, depois vi a partida do São Paulo e quando cheguei em casa ainda consegui ver o clássico do Rio Grande do Sul.

E sabe o que eu mais vi nesses jogos? FALTA, FALTA E MAIS FALTA. Eram faltas por todos os lados.

No Grenal por exemplo, aos 42 segundos do primeiro tempo, Rodriguinho já dava um cartão de visita para Willians. No clássico paulista, a bola rolou menos de 40 minutos. Menos de 40%. Pense que você pagou ingresso para ver esse jogo, comprou uma partida de 90 minutos, que deveria ter em média 60 minutos e só teve 40 minutos. Deixaram de te “dar” 1/3 do jogo que você pagou.

Eu sei que existe uma questão sobre a arbitragem, que não sabe controlar um jogo e para demais o jogo.

Mas venho notando com mais carinho esse ano, que o problema maior está nos jogadores. O brasileiro é ensinado desde cedo a parar o jogo, o jogador brasileiro não é ensinado a marcar bem, ele é ensinado a interromper o ataque rival, seja desarmando, seja fazendo falta.

O próprio Felipão na coletiva pós-clássico soltou a seguinte frase: “O Walace, menino de 19 anos foi bem o jogo todo, uma aposta que fiz para segurar o D’Alessandro, só no lance do gol, se ele fosse mais experiente tinha parado o lance com uma falta.”

O pior, ele disse isso achando que era bacana o que ele estava dizendo. Ou seja, estamos formando a base para parar o jogo com falta.

Ontem, antes dessa maratona de Brasileirão, assisti ao final da Copa da Inglaterra. O jogo era Arsenal x City, era uma final, não esqueçam. A primeira falta aconteceu com 12 minutos de jogo. 12! A essa altura no clássico paulista já tinhamos 10 faltas. Algumas por exagero de Raphael Klaus, mas a maioria porque o jogador brasileiro vai para fazer a falta.

Está errado, basta lembrar que o Brasil terminou a Copa como a 5ª seleção com a maior média de faltas.

Para quem diz que é o país do futebol, do futebol-arte, futebol jogado, temos que dizer que estamos mais para o país da falta como principal recurso.