O despreparo com a carreira de um jogador

JeanChera20102018

Eu já desisti que falar que agora vai, agora voltei, ou qualquer coisa do gênero, mas seguimos, sem desistir.

Confesso que é difícil escrever neste momento, porque a cabeça fervilha perante a disputa eleitoral que se aproxima para o nosso país. Mas algumas coisas no paralelo andam me chamando a atenção no futebol nesse ínterim.

A possível volta do Neymar ao Barcelona é uma delas, as outras, juro que tentarei escrever logo, para que elas continuem frescas em nossas memórias. Mas o Neymar voltar ao Barcelona me chamou atenção.

Confesso que já concordei e discordei com a decisão em vários momentos, mas sinceramente, acho que tem mais erros no retorno do que acerto.

Neymar desde sempre sabia que estava indo para Paris, portanto deveria ter ideia de como seria morar lá, como seria o campeonato de lá e as expectativas sobre isso. A Ligue 1 é inferior a La Liga, qualquer pessoa com pouca noção de futebol sabe, ele que adora um videogame, com certeza sabe. Além disso, no próprio videogame que ele tanto joga com os parças, ele sabe que ele saiu de um clube com muito mais tradição e consequentemente com mais chances na Champions League do que o atual clube.

Portanto, quando eu vejo a decisão do Neymar, cada vez mais eu tenho certeza, são pouquíssimos os jogadores que possuem alguma capacidade real de debater sobre sua carreira ou olhar e entender como devem conduzi-la e o pior que normalmente quem está ao lado do jogador para orientar só consegue pensar na próxima transação e quanto ele vai ganhar com isso.

A figura do empresário deveria ser melhor pensada, principalmente pelas pessoas que cercam o jogador, família, amigos, etc (sei que aqui, isso não se aplica ao Neymar). Deve haver a consciência do passo que cada jogador faz ao aceitar uma transação, ir para Islândia, EUA, China ou Casaquistão não pode ser analisado apenas pelo fator financeiro, da mesma forma que ir para Espanha, Inglaterra, Italia ou Alemanha, não vale ir a todo custo pela exposição somente.

Por exemplo, um jogador que reconhecidamente é um grande potencial no Brasil, vale ir muito novo para um Shakthar Donetsk? O time é notoriamente conhecido por fazer jogo duro na hora de vender, ou seja, chances grandes de ficar por muito tempo lá, e aí nem todo mundo é William (Chelsea), alguns podem mofar lá pela Ucrânia e depois não conseguirem nem voltar para um grande clube por aqui.

Jogador de futebol precisaria ter mais cuidado com sua carreira, enxergar melhor as oportunidades para não correr o risco de jogar fora sua carreira que poderia ser tão brilhante.

Como diria Arsene Wenger, alguns jogadores estão aqui pelo dinheiro, outros pela glória. Complementando isso, digo, todo empresário, todo mesmo, inclusive se ele for seu pai, está pelo dinheiro, cabe ao jogador decidir se quer a glória, se gostaria de quando pendurar as chuteiras ser reconhecido por alguma torcida como ídolo, aposto que isso não tem dinheiro que compre.

 

Qual dupla de laterais você escolheria?

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E ontem a Juventus venceu o Mônaco por 2×0 e também encaminhou sua classificação para a final da Champions, aumentando as chances de enfim, Buffon ter sua carreira coroada com uma “orelhuda”.

Os dois gols saíram de forma estatística do mesmo jeito, assistência de Daniel Alves, gol de Higuain.

Só que além das assistências, a vitória de ontem fez Daniel bater um recorde, o lateral passou a ser o jogador brasileiro com mais jogos pela principal competição de clubes do mundo, com 142 partidas. Ele ultrapassou Roberto Carlos que possui 141 partidas.

Além disso, Daniel pode ao final dessa temporada se tornar o jogador com o maior números de títulos, superando Ryan Giggs.

E aí, comecei a especular em minha mente, e avancei além da disputa entre Daniel Alves e alguém, aproveitando a também excelente temporada de Marcelo fui mais longe na minha provocação do dia, meu debate é, qual dupla é melhor: Cafu e Roberto Carlos ou Daniel e Marcelo?

Sinceramente, a três anos, eu consideraria lunático levantar tal possibilidade, contudo aquele combo futebol apresentado + números, começam a saltar para a comparação.

Mundialmente falando, a dupla atual é maior, nacionalmente que a questão ainda esbarra, principalmente pelo lado direito. Porque?

Pelo lado esquerdo, a carreira de ambos é similar, inclusive o clube onde estão fazendo história, a diferença é uma Copa do Mundo, não que seja pouco, mas a história de ambos é parecida.

Já na direita, a relação é inversamente proporcional e talvez seja o orientador para escolher uma dupla ou outra, Cafu tem uma história incrível na seleção, é quem mais vestiu a camisa, é o único a jogar três finais consecutivas de Copa do Mundo e enquanto estava em plena forma, era intocável na lateral. Como jogador foi bem, mas sem grande destaque.

Enquanto Daniel, foi ok na seleção e monumental por clubes, ganhou tudo pelo Barcelona, teve passagem formidável por Sevilla e segue importantíssimo na Juventus. Não à toa, os números que mencionei acima o credenciam como.

Como eu sempre digo, é preciso esperar a carreira de um jogador acabar para dimensionar exatamente o tamanho dela, até porque Marcelo e Dani podem ainda beliscar uma Copa no ano que vem, quem sabe.

Mas acima de tudo, fica o exercício de pensar, se você fosse montar uma seleção e tivesse que escolher uma única dupla para compor o seu time, quem seriam os eleitos, Dani e Marcelo ou Roberto e Cafu?

Eu escolheria a atual.

 

Simeone e todo o futebol

SPAIN SOCCER PRIMERA DIVISION

E Simeone mais uma vez vê o sonho da Champions ficar distante. E pela quarta vez seguida o algoz é o rival de Madrid, o Real. A vitória por 3×0 no Santiago Bernabéu coloca as chances do time do Vicente Calderon como mínimas.

Diferente das outras vezes. por enquanto foi apenas o jogo de ida, e o Real foi letal, venceu com um triplete de Cristiano e encaminhou mais uma vez aos merengues para a final.

É possível a virada? É. Vai acontecer? Acho dificílimo, só não digo impossível porque é futebol, mas eu ficarei perplexo se o Atlético avançar.  Será maior que o feito do Barcelona nessa mesma Champions.

Contudo, diferente das demais eliminações, essa parecia aquela onde o Atlético chegava “mais inteiro” ou mais confiante, se preferir. Durante todas as outras campanhas, tudo pareceu muito sofrido para Diego Simeone e companhia, a sensação é que era proibido ser fácil e não que tenha sido dessa vez, mas a confiança adquirida nesses últimos anos parece ter refletido na atuação do time, os duelos foram árduos, mas o time não parecia fazer uma força colossal para vencer.

E eis que nessa hora o futebol mostra suas facetas, como disse no texto de ontem sobre a declaração de Eduardo Baptista, não tem culpado, nem errado, o Atlético não achou seu jogo ontem, o Real sim e ainda teve seu astro maior extremamente decisivo. Cristiano Ronaldo não está brilhando esse ano, mas está decidindo no momento que o time precisou, foram 8 gols dos últimos 9 do time na Champions. É disparado o maior artilheiro da Champions na fase de mata mata, são 52 gols contra 37 de Messi e depois dos dois, o mais próximo é Thomas Muller com 19.

O Atlético mostrou que o planejamento, a tática e a técnica são primordiais para te levar nos últimas quatro edições de Champions, a duas finais, uma quartas e uma semi (podendo com um milagre virar final), mas o timing, o instante do jogo tem feito a diferença entre tornar o Atlético um campeão ou não.

O futebol tem sido levemente ingrato com o Atlético por não coroar o time com essa conquista da qual ele tem passado tão perto, mas ao mesmo tempo tem sido fabuloso ao permitir a uma torcida que não imaginava viver esse momento, viver por quatro temporadas seguidas.

Como diria, um “sábio mestre”, a bola dá, a bola tira.

E vocês acham que ainda dá para o Atlético?

 

Restam 08 na Champions

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E saiu o sorteio das quartas de final da Champions.

Dois grandes clássicos e dois interessantes cruzamentos. Vamos a análise do CMC10, eu sinceramente fui surpreendido com o avanço de Leicester e Mônaco, os demais estavam dentro da minha expectativa antes dos cruzamentos iniciarem, apesar de ter achado impressionante a virada que o Barcelona conseguiu.

Bom vamos a análise, no confronto, o segundo time é aquele que decidirá em casa.

Atlético de Madrid x Leicester: Um duelo formidável, porque permite ao time inglês continuar sua epopeia, o Leicester sempre jogará sem a bola e daqui para frente todos os rivais serão pressionados (por causa do tamanho e história) a atacar o Leicester o que colocará o time na condição que ama, contragolpear seus rivais. Para o time de Simeone que sempre se acostumou a “ser Leicester” nessas fases da Champions, será oportunidade de mostrar que também pode propor o jogo.

Time por time, o espanhol é muito melhor, mas algum quê de místico me diz que o Leicester estará entre os 4 melhores da Europa.

Dortmund x Mônaco: Promessa de chuvas de gols, dois times com proposta ofensivas e que tem tudo para ser o jogo mais divertido das quartas. Os franceses que eliminaram Pep e City seguem com seu ataque devastador e surpreendem, já os alemães se acostumaram a ser uma pedra no sapato nas últimas edições, sempre chegando.

Aposto que o Dortmund avance, mas com um duelo agregado de 8×7, 7×6, com muitos gols com certeza.

Bayern Munchen x Real Madrid: Que confronto! Dois gigantes europeus, talvez junto de Milan, os maiores vencedores da história européia, duas seleções que se enfrentaram em 180 minutos, do lado alemão, Ancelotti estava a pouco tempo em Madrid com grande parte dos mesmos jogadores que lá estão, conhece muito do rival e é um especialista em Champions.

Duas camisas pesadíssimas, principalmente a branca, mas vou arriscar em apostar nos alemães, páreo duríssimo, mas acho que a tranquilidade do Bayern no campeonato nacional permite uma preparação mais adequada para o confronto, enquanto o Real também quer La Liga e ela está acirrada.

Juventus x Barcelona: Outro daqueles duelos espetaculares, a solidez da defesa da Vecchia Signora contra o trio MSN, “os futuros” Bolas de Ouro, Neymar x Dybala, o reencontro de Daniel Alves com o Barcelona. E o a sonhada busca por uma Champions do monstro Gianluigi Buffon.

O fato do segundo jogo ser na Catalunha pode jogar a favor do Barça, contudo o time italiano tomou apenas 2 gols em 8 jogos, números de extremo respeito e que credenciam o time para a busca por essa taça inédita para o seu goleiro.

Apesar de toda empolgação na Espanha diante do 99% de fé, vou arriscar mais uma vez e apostar que a Juve avança no duelo.

Portanto, na semi, no meu palpitômetro, teremos Leicester, Dortmund, Bayern e Juventus.

E para vocês?

 

 

Falando um pouco de Barcelona

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É fácil escrever depois do acontecido, sempre temos uma teoria para explicar, ou como gosto de frisar é comodo ser pedra quando as vidraças aparecem.

Mas vou comentar sobre algo que venho entre amigos comentando, o Barcelona vem caindo drasticamente de produção, e como ontem a derrota foi muito dura, resolvi colocar um pouco das minhas percepções sobre o que vem acontecendo em Joan Gamper (centro de treinamento do Barça).

Primeiro, e o causador do efeito dominó para mim é Luis Enrique, e antes de seguir sobre o que eu acho que ele fez, quero dizer que ele me parece um bom treinador, minha questão é que acho que ele foi ousado demais.

Luis Enrique resolveu mexer no jeito de jogar do Barcelona de forma drástica, desde de que Rijkaard começou a colocar esse estilo de jogo “Cruiyfiano” nos catalães, Luis foi o primeiro a mexer mais duramente no estilo, pode ser decisão própria ou do clube, mas exigiu de todos os atletas reorganizarem suas cabeças para o jogo e principalmente os antigos sentiram.

Pique, Busquets, Mascherano, Iniesta e Messi ou oscilam, ou caíram muito de produção. Desses, Iniesta parece o único que está nesse momento, muito mais devido a sua curva final de carreira do que propriamente pelo esquema. Busquets é o pior Busquets que o Barcelona já teve, e seu papel é fundamental para o equilíbrio ofensivo-defensivo do time.

Messi também oscila em sua regularidade de ser gênio, tem ficado preso em setores do campo e consequentemente mais fácil de ser marcado em algumas oportunidades.

Além disso, o Barcelona tem escolhido mal no mercado, as peças não estão rendendo o que se esperavam dela e a consequência é o time ficar limitado a poucas opções durante um jogo. Alcacer, Andre Gomes e Aleix Vidal são alguns exemplos.

Voltando ao treinador, Luis, desde a época como jogador, sempre foi genioso e isso tem causado atritos com os jogadores também, basta ver o caso de Rakitic que perdeu espaço, mesmo sendo peça fundamental no meio.

Por fim, o Barça usou a temporada de 16/17 para uma reconstrução e não há dúvidas que voltará forte, principalmente pelas peças que possui, contudo de longe e com a facilidade de ser pedra e pitacar, hoje eu começaria os 11 Barcelona um pouco diferente de Luis.

Meus 11 seriam, Ter Stegen, Vidal, Pique, Umtiti, Alba, Mascherano, Rakitic, Turan, Messi, Suarez e Neymar.

Acho que Mascherano não teria nem de perto a qualidade ofensiva de Busquets, mas resgataria um equilíbrio defensivo que falta ao Barça, podendo as vezes até se lançar em um 3-4-3, com o recuo do argentino e as subidas dos laterais para as alas, além disso, eu teria um meio com mais possibilidade de criação, além de Arda saber muito bem ser eficiente sem a bola.

Por fim, para o Barcelona resta reagir e já começar a desenhar a próxima temporada e para o jogo de volta é torcer para seu gênio estar naquela noite mágica para reverter, ou mesmo que esteja para agraciar o Camp Nou com mais um espetáculo.

Futebol é olímpico?

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Passada a histeria sobre a nossa seleção e com a classificação enfim assegurada, lanço uma pergunta, será mesmo que ainda existe espaço para o futebol nas Olimpíadas?

E nem falo isso sobre a performance da nossa seleção, porque aí ficaremos discutindo com os comentaristas de quarta e domingo, onde um dia Neymar é mimado, no outro é genial, depois é mala, depois está amadurecendo, aí ele sai demais, ou a vida é dele ele faz o que quer. Portanto, vamos esquecer isso.

Vamos pensar no ideal olímpico, a conquista da medalha como maior conquista esportiva para os atletas, maior consagração da sua carreira, no futebol isso ficou para trás a muito tempo. Salve as primeiras conquistas uruguaias e húngaras, depois foi-se perdendo esse valor.

Basta olhar para os times que vieram para o Brasil, qual é o grande nome entre as 12 seleções? Neymar, e estendo quem mais? Tente escalar uma seleção olímpica com os que aqui estão presentes.

Se o Brasil já tivesse essa medalha de ouro, arrisco dizer que nem Neymar estaria.

Até porque a Olimpíadas já perdeu a representatividade no meio futebolístico, tanto que o calendário não para por causa dela, os principais campeonatos europeus começam nesse fim de semana e aqui para baixo da linha do Equador os campeonatos seguem a todo vapor.

Em discussão com amigo e frequentador dos comentários aqui no blog, o André Russo, ficamos aqui elocubrando inclusive sobre a saída do futebol masculino e entrada do futebol de areia e futebol de salão, duas modalidades que merecem mais holofotes e teriam os principais atletas disputando o ouro.

No futebol, a Copa do Mundo se tornou muito maior que a Olimpiadas, para os atletas até as competições continentais são maiores, um atleta do futebol se sente mais consagrado ganhando uma Champions ou uma Libertadores do que a Olimpiadas.

Acho que é chegado o momento de repensar a participação do futebol na competição, ele parece descolado dos demais esportes, a emoção de Phelps, o choro de Djokovic, a superação de Rafaela Silva, a luta de Alisson e milhares de outros exemplos que vão acontecendo desde o dia 04 no Rio de Janeiro parecem distantes do futebol.

Messi desconsolado na Copa América ou mesmo Cristiano emocionado na Euro é algo impensável nas Olimpiadas.

Portanto, acho bom Neymar e companhia aproveitarem a chance e ganharem essa medalha logo, porque ao meu ver, começar a não fazer sentido a relação Futebol Masculino e Olimpiadas.

E vocês o que acham?