Estamos perdendo a humanidade dentro e fora de campo…

Pai palmeirense que levou o filho cadeirante para o jogo...

Pai palmeirense que levou o filho cadeirante para o jogo…

Tem horas que vemos como o futebol é gigante, e no Brasil eu sempre afirmo que o futebol consegue mostrar o caráter de uma pessoa pelo jeito que ele joga e também pode refletir dentro do estádio, como está a sociedade em determinados momentos.

A declaração de Fernando Prass ao final do jogo de domingo entre Flamengo x Palmeiras é perfeita, mas tristemente repetitiva.

“Não é o futebol, né, é o nosso país é que está assim. A gente viu o que aconteceu nessa semana no Rio de Janeiro com a menina e o que aconteceu agora em São Paulo, com um garoto de 10 anos. Isso aí é o fim do país. Uma criança de 10 anos ser morta pela polícia, independente da versão, quer ela esteja armada ou não, não sei qual que é a pior”.

“Tem que ter um caminho. Leis mais rígidas, que criminalizem mais esses atos dentro do futebol. Porque a gente sabe quem faz. Todo mundo sabe quem faz, quem participa. É tão bonito ver duas torcidas misturadas, assim, como estava aqui, mas hoje é impensável. Torcida única não é solução para nada, só um paliativo. Ainda assim, na minha visão as brigas estão acontecendo fora do estádio, na ida ao estádio. Dentro do estádio praticamente a gente não tem confusão”.

O mais triste nessa história toda é exatamente essa falta de vontade de fazer algo, todo mundo sabe quem faz, quem briga, quem não tá afim de futebol, qual a real dificuldade de punir? Eu fico pensando quais são os motivos sórdidos, obscuros ou oportunos pela inoperância, mas nada, nada me parece ter sentido. Parece apenas preguiça de resolver.

E aí sim, chegamos a parte inicial do texto de Prass, será que antes de julgar quem tá certo ou quem tá errado (se é que é possível isso), alguém consegue perceber que é absurdo uma menina ser violentada por vários homens, não quero saber se você acha que ela procurou ou quem ela sabia o que aconteceria, é sério que você que quem procura merece ser violentada por vários homens e tudo bem? Não, ninguém merece, em situação nenhuma, em hipótese nenhuma, criminosa, da noite ou do que você quiser rotular, ninguém merece isso.

Assim, como uma criança de 10 anos, não tem nada que me faça achar que o único recurso possível era matar a criança, nada.

A imagem que usei é muito simbólica, trata-se de um pai que levou o filho cadeirante ao estádio e quando o gás de pimenta invadiu o estádio seus olhos lacrimejaram, não pelo gás, mas pelo cheiro avassalador de tristeza que o dominava.

Estamos perdendo a humanidade, dentro e fora do estádio.