Fiquei pensando em escrever sobre a derrota do Cruzeiro ontem, sobre o empate em Madrid, sobre os possíveis cruzamentos da Libertadores e até mesmo sobre a possível chegada de Sabella.
Mas sempre vinha a minha mente que a Jovem Pan mandou embora Claúdio Carsughi.
Sempre considerei Carsughi um bom comentarista de futebol e um excelente comentarista de fórmula 1.
Além disso, toda sua origem italiana (Carsughi é de Arezzo e torcedor do Fiorentina) dava um toque especial quando era destinado a comentar partidas do Calcio. Mas acima de tudo, Carsughi era uma enciclopédia viva, ambulante sobre futebol.
Carsughi me fez relembrar o como não valorizamos aqueles que já vivenciaram o mundo, e não somente sobre esporte, sobre a vida como um todo.
O quanto desrespeitamos a história de alguém, aqui no Brasil temos a coragem de reclamar do pênalti perdido por Zico em 86, das declarações mais polêmicas de Pelé, ridicularizamos um monstro sagrado como Zagallo e o que falar de nossos demais ídolos.
O brasileiro tem problema para entender, valorizar e respeitar os mais velhos.
Isso não significa abdicar de olhar para frente, tampouco acreditar que eles são os melhores e sempre estarão certos, mas não saber olhar para a história que aquela pessoa já escreveu é de uma falta de inteligência.
Até Senna talvez um dos maiores (no meu caso, o maior) ídolos nacionais, teve um instante após sua morte que até sua orientação sexual foi discutida afim de diminuí-lo, como se isso fosse motivo para diminuir alguém ou mudar a história maravilhosa dele.
Carsughi pode nem estar no hall dos maiores comentaristas brasileiros, mas a sua história e a forma simplista que ele foi tratado dentro da rádio, mostra que esse problema cultural persiste.
Continuamos comemorando demais o ídolo de agora, mas continuamos tratando eles como objeto perecível.