Você acha a falta um recurso do futebol?
Eu acho, mas ele não precisa ser o primeiro e com certeza muito dos problemas da qualidade de nossas partidas partem dessa premissa.
Ontem fui ao Morumbi ver o jogo do meu tricolor, antes de entrar no estádio, parei em uma lanchonete próxima do Cícero Pompeu de Toledo e assisti ao clássico paulista entre Santos x Corinthians, depois vi a partida do São Paulo e quando cheguei em casa ainda consegui ver o clássico do Rio Grande do Sul.
E sabe o que eu mais vi nesses jogos? FALTA, FALTA E MAIS FALTA. Eram faltas por todos os lados.
No Grenal por exemplo, aos 42 segundos do primeiro tempo, Rodriguinho já dava um cartão de visita para Willians. No clássico paulista, a bola rolou menos de 40 minutos. Menos de 40%. Pense que você pagou ingresso para ver esse jogo, comprou uma partida de 90 minutos, que deveria ter em média 60 minutos e só teve 40 minutos. Deixaram de te “dar” 1/3 do jogo que você pagou.
Eu sei que existe uma questão sobre a arbitragem, que não sabe controlar um jogo e para demais o jogo.
Mas venho notando com mais carinho esse ano, que o problema maior está nos jogadores. O brasileiro é ensinado desde cedo a parar o jogo, o jogador brasileiro não é ensinado a marcar bem, ele é ensinado a interromper o ataque rival, seja desarmando, seja fazendo falta.
O próprio Felipão na coletiva pós-clássico soltou a seguinte frase: “O Walace, menino de 19 anos foi bem o jogo todo, uma aposta que fiz para segurar o D’Alessandro, só no lance do gol, se ele fosse mais experiente tinha parado o lance com uma falta.”
O pior, ele disse isso achando que era bacana o que ele estava dizendo. Ou seja, estamos formando a base para parar o jogo com falta.
Ontem, antes dessa maratona de Brasileirão, assisti ao final da Copa da Inglaterra. O jogo era Arsenal x City, era uma final, não esqueçam. A primeira falta aconteceu com 12 minutos de jogo. 12! A essa altura no clássico paulista já tinhamos 10 faltas. Algumas por exagero de Raphael Klaus, mas a maioria porque o jogador brasileiro vai para fazer a falta.
Está errado, basta lembrar que o Brasil terminou a Copa como a 5ª seleção com a maior média de faltas.
Para quem diz que é o país do futebol, do futebol-arte, futebol jogado, temos que dizer que estamos mais para o país da falta como principal recurso.