Acho engraçado nossos conceitos sobre futebol moderno.
O querido leitor André Russo comentou no post “Pelo fim do futebol moderno” sobre os conceitos que chamamos de moderno e que eles já estiveram presentes em seleções e clubes do passado.
Por exemplo, guardadas as devidas proporções podemos comparar Alemanha e Cruzeiro como exemplos a seguir. Alemanha, como exemplo do queremos para a nossa seleção e o Cruzeiro como o melhor time do Brasil. Ambos carregam características idênticas. De novo, guardadas as devidas proporções.
Os dois abriram mão do tradicional camisa 09. Alemanha tem em Muller o seu centroavante, quando muito Klose faz essa função também. No Cruzeiro, Ricardo Goulart é o Thomas Muller brasileiro e Moreno faz às vezes de Klose. No fim, ambos jogam com centroavantes, que buscam o jogo, saem para a tabela, se movimentam e abrem espaços para as chegadas dos meias.
Os dois possuem dupla de volantes que sabem jogar mais do que desarmar. Nos dois selecionados, não existe o volante brucutu, os Galeanos (com todo respeito ao grande Galeano), os Amarais (nosso querido coveiro) cada vez mais não existem. O futebol começa por eles, são os volantes que constroem o jogo, que ditam o ritmo e que controlam o jogo. O nome não é à toa, sem eles ou com eles ruins, o carro-clube fica desgovernado.
Além disso, todo mundo entende a importância coletiva do time. Todo mundo sabe que correr atrás do adversário para marcar é um saco, é muito mais legal jogar com a bola no pé, construir jogada e fazer o adversário correr, mas para isso é preciso ter a bola e por muitas vezes, todo mundo tem que ajudar a recuperar a bola do rival. Everton Ribeiro, é um meia que aparece dentro da área e acompanha lateral, talvez esses vídeos ajudem Pato a entender do que se trata.
Respeitar o coletivo e saber que ele é fundamental para as conquistas, foi o maior legado dessa Alemanha. Você nunca irá falar que essa foi a Alemanha de fulano, assim como não falará desse Cruzeiro.
No fim, queremos apenas que um time jogue bola. Que todos entendam o seu papel dentro do grupo, para que possam também resolver com suas individualidades. Não digo que o futebol seja o mesmo de 100 anos atrás, só digo que a essência para o sucesso é a mesma. Hoje com mais importância e disciplina na parte tática, mas ainda assim, um time que goste de jogar futebol.
Ou seja, nada de novo, apenas conceitos de quem gosta de futebol.
Algo que sempre entendo é que o futebol “ultrapassado” não existe.
Não vou ser aqueles saudosistas que dizem que a seleção de 70 ou a 82 seria campeão em qualquer copa, ou também aqueles que dizem que o Garrincha, Pele, Di Stefano e outros seriam craques hoje e os crauqes de hoje como Ronaldo, Bale, Robben não seriam. Nada disso!
O que quero dizer é que um time bem treinado, que independentemente no esquema tático usado esteja perfeitamente ensaiado irá sobressair dentre os outros.
Um time que joga defensivamente com linhas de 4 muito fechado, que prepara a defesa contra bolas aéreas bem, com combate e sobra, que sai no contra ataque, pode ser campeão, assim como, um time que joga muito ofensivamente com pontas abertos atacantes que voltam para marca e buscar o jogo o tempo inteiro.
Esquemas novos, estudos novos, jeitos diferentes de se jogar, marcar, atacar, treinar são realmente importantes para se conhecer, filtrar e depois aprender a usar e/ou se defender deles, mas entendo que os pontos primordiais para o time campeão são:
Um time bem treinado, que faça o que se propõe a fazer com excelência, bom toque de bola sempre, bem nas finalizações, bem no preparo físico, que tem um técnico inteligente e um grupo que confie em si e em seu comandante.
Essa é a evolução do futebol, o real profissionalismo do futebol, a extinção da boleiragem, o início de uma época onde os jogadores valham o que pesam, assumam e respondam pelo que ganham e representam para seus chefes, clubes e torcedores.
Futebol é coisa simples, resumido em 3 letras PPO: posse de bola, passe e ocupar espaços.