Galera do blog, começamos um dia com mais um texto de Ramon Ribeiro. O Niteroiense faz uma comparação com um dos maiores duelos do esporte para explicar a rivalidade que ele vive no futebol carioca.
Por Ramon Ribeiro
Nestes 20 anos da morte de Senna, assisti com muita saudade os duelos entre ele e Alain Prost, uma das maiores rivalidades esportivas de todos os tempos.
Em 1984, Senna e seu calhambeque Toleman foram atropelando todos os outros pilotos, que se borravam de medo da chuvarada em Mônaco. Brincava de ultrapassar em um circuito que já é quase inultrapassável com sol. Quando chegou ao segundo lugar, após deixar pra trás somente um tal de Niki Lauda, Ayrton descontava em média 3 segundos por volta, pondo pressão no piloto francês.
Prost viu que a vaquê (vaca, em francês) ia para o brejo e começou a acenar aos comissários pelo fim imediato da prova. Pouco antes de Senna alcançá-lo, seu pedido foi atendido. Ayrton defecou quilos em cima de Alain, que já foi estacionando sua potente MacLaren na linha de chegada; ultrapassou o nariz do carro e do francês, mostrando ao público quem era o real vencedor dentro da pista.
A história de Suzuka-1989 é bem conhecida: ambos na MacLaren, chegaram ao Japão com Senna tendo a obrigação de vencer. O francês, de maneira pouco higiênica (na corrida), colide com Ayrton propositalmente e sai do carro com a certeza do título nas mãos. Senna volta à pista com o bico quebrado, precisando ir aos boxes e vencer faltando 5 voltas. Sopinha no mel pro brazuca, ainda mais quando ele estava com sangue-no-zóio.
Ao ver a reação de Ayrton, Prost trava o esfincter antes de melé la cuecá (melar a cueca, em francês) e parte correndo para o setor dos comissários da prova, tentando algum subterfúgio salvador. A cena é patética (ver vídeo). Foi se encontrar com o presidente da FIA, o também francês Jean-Marie Balestre, que o convidou para relaxar num grande e confortável tapete, ofereceu-lhe uma baguete com brie e desclassificou Senna. Com o título garantido à Paris, ambos comemoraram com champanhe (lembrou de algo, leitor?).
No ano seguinte, o mesmo cenário com uma inversão: Prost era obrigado a completar a prova. Senna fez a pole. Prost ficou com o pescocé (cu, em francês*) na mão e conseguiu que a FIA mudasse a ordem dos carros, largando em segundo numa posição mais favorável. Senna não hesitou, nem piscou, nem pestanejou: com coragem suicida, devolveu na mesma moeda a colisão de 1989 logo na largada e ficou com o título, mesmo sob os protestos de Prost no STJD (ops!, FIA), que não teve colhão pra virar mais uma mesa no asfalto.
Será que eu ainda preciso explicar a relação Senna-Fla, Prost-Flu? Prefiro bradar, ao som do tema da vitória: ”Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Flamengo!”
* A título de curiosidade: “Cou” em francês significa pescoço em português.
Antes de ler, já gostei que o Fluminense fosse o Prost, melhor piloto de sua geração, enquanto o Flamengo fosse similar a Senna com suas namoradas globais e a quem Piquet acreditava serem arranjadas.
Lendo, entendi que a analogia não era essa, mas que Senna/Flamengo são mais atirados valendo-se do descumprimento do regulamento, e sem pudores de fazê-lo a olhos vistos dentro da pista.
O final da história que não foi contado é Prost encerrando a carreira campeão e o Flamengo rebaixado…