Muito barulho por Kardec…

Muito barulho 30042014

Alan Kardec.

O atacante de 25 anos que causou outra rusga na relação entre Palmeiras e São Paulo. Rusga que eu garanto que passa na próxima janela de transação, quando o Palmeiras se interessar por Maicon, Osvaldo ou qualquer outro. Mas, de qualquer forma, muito se falou desse imbróglio.

Eu acredito que todas as instituições agiram de maneira correta.

O Palmeiras não quis fazer loucura pelo cara, está criando a política de contrato por performance, o que eu acho formidável e adotando um orçamento sustentável que tanto o Bom Senso pede, mas nada faz por onde. O tal do Fair Play Financeiro.

O São Paulo aproveitou que a lei permite você negociar com um jogador quando o mesmo está com o contrato com 6 meses para vencer e assim o fez com o atacante. Aproveitando que o Palmeiras negociava firme com o atacante, o tricolor achou por bem oferecer mais e trazer o atacante. Dentro da regra, ok, só acho exagero os valores envolvidos.

Para Kardec também, o jogador estava bem no Palmeiras e até aceitava ganhar menos do que o mercado oferecia para ficar no clube onde se sentia bem. Mas os combinados e descombinados da diretoria alviverde o irritaram e o jogador decidiu pular o muro.

Foi então que surgiram duas bestas (tentei achar outra palavra, mas acho que só besta traduz o que eles são) e defecaram pela boca. Parafraseando Gil Brother. Tanto Aidar e Nobre foram de uma pobreza de espírito sem igual.

Aidar com seu discurso preconceituoso, provinciano e estúpido querendo fazer graça no início de seu mandato. Já Nobre que chamou Aidar de patético, precisa entender que patético foi ele, eu não bater no peito assumir as convicções financeiras do Palmeiras e ponto final. Jogar a responsabilidade para o vizinho é apequenar-se.

No final, o que mais me surpreende é como estamos carentes de talento dentro do Brasil. Kardec que tem apenas 25 anos, virou um dos melhores centroavantes do Brasil, não pela sua qualidade, mas pela ausência dos rivais. Kardec é bom, sim, muito bom, mas para times que já tiveram Careca, Muller, Evair, Edmundo e tantos outros, brigar por Kardec parece quase um ato difamatório.

Kardec apenas mostrou nessa briga, que nossos dirigentes não sabem cuidar do nosso futebol. Que só esbanja talento lá fora, aqui dentro vamos nos contentando com pouco.

Senna x Prost (a.k.a Fla x Flu)

1993 - Prost e Senna, Austrália, pódio

Galera do blog, começamos um dia com mais um texto de Ramon Ribeiro. O Niteroiense faz uma comparação com um dos maiores duelos do esporte para explicar a rivalidade que ele vive no futebol carioca.

Por Ramon Ribeiro

Nestes 20 anos da morte de Senna, assisti com muita saudade os duelos entre ele e Alain Prost, uma das maiores rivalidades esportivas de todos os tempos.

Em 1984, Senna e seu calhambeque Toleman foram atropelando todos os outros pilotos, que se borravam de medo da chuvarada em Mônaco. Brincava de ultrapassar em um circuito que já é quase inultrapassável com sol. Quando chegou ao segundo lugar, após deixar pra trás somente um tal de Niki Lauda, Ayrton descontava em média 3 segundos por volta, pondo pressão no piloto francês.

Prost viu que a vaquê (vaca, em francês) ia para o brejo e começou a acenar aos comissários pelo fim imediato da prova. Pouco antes de Senna alcançá-lo, seu pedido foi atendido. Ayrton defecou quilos em cima de Alain, que já foi estacionando sua potente MacLaren na linha de chegada; ultrapassou o nariz do carro e do francês, mostrando ao público quem era o real vencedor dentro da pista.

A história de Suzuka-1989 é bem conhecida: ambos na MacLaren, chegaram ao Japão com Senna tendo a obrigação de vencer. O francês, de maneira pouco higiênica (na corrida), colide com Ayrton propositalmente e sai do carro com a certeza do título nas mãos. Senna volta à pista com o bico quebrado, precisando ir aos boxes e vencer faltando 5 voltas. Sopinha no mel pro brazuca, ainda mais quando ele estava com sangue-no-zóio.

Ao ver a reação de Ayrton, Prost trava o esfincter antes de melé la cuecá (melar a cueca, em francês) e parte correndo para o setor dos comissários da prova, tentando algum subterfúgio salvador. A cena é patética (ver vídeo). Foi se encontrar com o presidente da FIA, o também francês Jean-Marie Balestre, que o convidou para relaxar num grande e confortável tapete, ofereceu-lhe uma baguete com brie e desclassificou Senna. Com o título garantido à Paris, ambos comemoraram com champanhe (lembrou de algo, leitor?).

No ano seguinte, o mesmo cenário com uma inversão: Prost era obrigado a completar a prova. Senna fez a pole. Prost ficou com o pescocé (cu, em francês*) na mão e conseguiu que a FIA mudasse a ordem dos carros, largando em segundo numa posição mais favorável. Senna não hesitou, nem piscou, nem pestanejou: com coragem suicida, devolveu na mesma moeda a colisão de 1989 logo na largada e ficou com o título, mesmo sob os protestos de Prost no STJD (ops!, FIA), que não teve colhão pra virar mais uma mesa no asfalto.

Será que eu ainda preciso explicar a relação Senna-Fla, Prost-Flu? Prefiro bradar, ao som do tema da vitória: ”Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Flamengo!”

* A título de curiosidade: “Cou” em francês significa pescoço em português.