É a partir dessa pergunta que qualquer espetáculo deveria dimensionar o quanto poderia cobrar pelo ingresso.
E com o nosso futebol, não poderia ser diferente. Hoje passamos por uma fase de transição, onde alguns clubes se dão ao luxo de cobrar um ticket médio por partida de quase 80 reais. Enquanto alguns ficam abaixo de 20. Contudo ainda assim, é nítido que muita coisa ainda precisa ser ajustada. Basta ver o exemplo do São Paulo.
Diante da péssima fase do clube, a diretoria resolveu colocar os ingressos a R$ 10,00 para o torcedor comum e a R$ 2,00 para o sócio torcedor. A idéia tinha um princípio simples, vamos abrir mão dessa receita para atrair o torcedor e ajudar o time com o apoio a deles e tentar assim se manter na primeira divisão.
A decisão um pouco arriscada, já que ainda hoje os clubes dependem muito da receita advinda das bilheterias. Porém, qual foi a surpresa que o São Paulo teve? O aumento significativo da arrecadação com bilheteria.
Para se ter uma idéia, o Sâo Paulo fez pelo Brasileirão, exato 12 jogos no Morumbi. 6 com os preços “normais” e outros 6 com os preços “promocionais”. Nos primeiros seis jogos a arrecadação foi de R$ 1,37 milhão com média de 8.500 torcedores por partida. Já nos últimos seis jogos, a arrecadação foi de R$ 2,43 milhões com média de 35.335 torcedores.
Ou seja, além do estádio povoado pela torcida empurrando o time, o clube arrecadou um milhão a mais.
Para mim, a principal percepção é que o nosso espetáculo chamado futebol é percebido pelo torcedor com a valia na casa dos R$ 10,00. Ou seja, o que um dirigente vê como valor do seu espetáculo é completamente distorcido em relação ao que o consumidor enxerga.
Muito dessa percepção distorcida se deve ao volume de dinheiro que o futebol move no Brasil, contudo, pouco ou quase nada é investido na melhoria do espetáculo. Calendário apertado que faz o time não ter sempre seu elenco em melhores condições, estádios precários e com poucas ou nenhuma atração fora o evento principal, custos indiretos abusivos (nossos “amados” flanelinhas) e a impunidade aos imbecis que acham que estão indo para uma arena lutar.
Esses são para mim os principais redutores do valor percebido ao ingreso. Redutores que são ignorados ou despercebidos pelos dirigentes dos clubes.
O exemplo do São Paulo para quem acredita que seja de sucesso, eu não acho, ele apenas evidencia o quanto ainda estamos brincando de futebol amador com atletas profissionais. E quanto o a celébre frase “Respeitável público” está longe de ser entoada.