Hector de la Cruz é um equatorianozinho de apenas 8 anos, nascido em Guayaquil. Seu pai, Tenorio, sempre trabalhou na Empresa Elétrica do Equador e por isso carrega a paixão pelo time que carrega o nome da empresa. O Emelec.
Tenorio passou todo esse amor pelo clube para o filho, Hector convive então com a paixão por um clube que durante sua ainda curta vida não viu o time levantar uma taça sequer.
Hector, já não agüentava mais as brincadeiras e gozações dos amigos no colégio, mas mesmo assim lá ia ele sentar junto com seu pai nessa quinta-feira para acompanhar o jogo contra o Olimpia do Paraguai.
No jornal de manhã, todos os “comentaristas” davam como certo a eliminação do time equatoriano, entitulando o time como “Time de Pijamas”, tamanha era a sonolência do time.
Mesmo assim, lá estava Hector e seu pai, assistindo na TV o jogo de seu time. Como o resultado do jogo iria decidir diretamente quem seria o classificado, eles nem se preocuparam com o que acontecia lá no Brasil. Tinha que ver o Emelec jogar.
E o jogo começou tenso, como todo jogo de Libertadores, mas a postura do Emelec era diferente, o time parecia contagiado pelas boas atuações contra o Flamengo e jogava bem contra o time paraguaio.
O jogo seguia aberto, com os dois times criando chances e desperdiçando-as sem a menor piedade do coração de seus torcedores.
Mas quase no final do primeiro tempo, veio o golpe. Em boa trama do time paraguaio a conclusão do atacante defendida pelo goleiro, encontrou Castorino livre para empurrar a bola para o fundo das redes e encerrar o primeiro tempo com 1×0 no placar para o Olimpia.
Nessa hora Tenorio olhou desolado para Hector. Ele queria que o filho tivesse orgulho do Emelec, mas parece que a bola trata de mostrar que por mais que o time se esforçasse está condenado a ser coadjuvante no futebol. Tenorio sabia que seu filho iria continuar torcendo pelo Emelec, mas que seria triste a sexta-feira 13.
E voltava o segundo tempo e dinâmica do jogo continuava o mesmo, e o Emelec cansava de perder gols, o menino Hector já estava desolado, quando Mondaini conseguiu empatar a partida e acender a esperança do jovem menino, seu pai voltou a se sentir orgulhoso do seu Emelec.
Faltava ainda um gol, mas Hector sentia uma boa vibração, parece que dessa vez o Emelec seria tão grande quanto o pai falava. O jogo seguia com o Emelec jogando melhor, enquanto o time paraguaio parecia desconcertado ao ver o time equatoriano jogando daquela forma.
E então aos 43 minutos do segundo tempo, Mena que havia entrado no decorrer do jogo manda para o fundo das redes e faz explodir a casa de Tenorio, Hector chorava copiosamente, feliz, emocionado por ver o seu Emelec se classificando para a Libertadores.
Hector, não sabia mais o que fazer, ele ajoelhava, levantava, gritava na janela, pulava, abraçava o pai e não se continha no choro. Toda essa euforia durou cerca de três minutos, e o inesperado aconteceu, em um lance despretensioso, o Olimpia conseguiu encontrar um gol de empate.
Toda a emoção que tomava Hector virou estarrecimento, o menino que pulava de felicidade, caiu no sofá, sem chão, sem entender porque Deus fazia aquilo com ele. Um filme passou na cabeça de Hector com todas as decepções que tinha presenciado do seu clube do coração, e chegava a conclusão de que o time dele era um time de pijamas mesmo, toda essa decepção e esse filme duraram cerca de 60 segundos na cabeça do menino.
Foi quando afundado no sofá sem prestar atenção na TV, ele viu seu pai pular de felicidade e gritar gol como nunca tinha visto, o Emelec marcava o terceiro gol aos 47 do segundo tempo e vencia a partida por 3×2 e se classificava para a próxima fase da Libertadores.
Na cabeça de Hector tudo estava muito confuso, os últimos cinco minutos tinham sido muito intenso e uma mistura de várias sensações percorriam seu corpo. Ele foi da euforia a da depressão em minutos e perplexidade no final, ele ficou afundado no sofá por cerca de 30 minutos, viu o gol salvador várias e várias vezes, ouviu os noticiários comentarem.
Mas mesmo assim, ele ainda não entende o que aconteceu direito. E isso porque ele nem viu o que aconteceu aqui no Brasil.
Parabéns Hector você agora vai entender porque o futebol fascina, mesmo sem entender o que aconteceu durante os últimos cinco minutos da partida entre Emelec e Olimpia.