Em meio a tanta bobagem e absurdos que tenho escutado a respeito da história do João Vitor do Palmeiras, trago um fato acontecido comigo na minha infância para ilustrar tudo isso.
Eu já tinha (pasmem!) meus 14 anos de idade, era muito magro e alto, o famoso “pirulão”, além de ser muito tímido. Tinha alguns amigos e gostávamos de jogar futebol com bola de papel nos intervalos da aula.
Quando o jogo tinha sido bem disputado, fazíamos uma espécie de prorrogação para definirmos quem foi o “verdadeiro campeão”.
Pois bem, após uma dessas prorrogações, saí desolado porque meu time tinha perdido mais uma vez. Foi assim a semana passada inteira e já era quarta-feira e tinha perdido os três jogos. Ou seja, oito jogos sem vitória, uma verdadeira crise, nos tempos atuais.
Tudo bem, que quando fizemos o sorteio dos times daquele mês, eu sabia que não teria vida fácil, pois o meu time tinha ficado bem mais fraco que o adversário, mas achei que com força de vontade e na “raça” daria para conseguir uma ou outra vitória. Ledo engano.
Então, lá estava eu caminhando, ainda dentro da escola, cabisbaixo por mais uma derrota. O jeito era voltar para casa. Já do lado de fora, vi dois meninos que eram bem mais velhos do outro lado da rua e lembro-me de ter comentado com meu amigo que eles eram dois idiotas.
Os dois eram amigos do professor de educação física e davam pitacos sobre quem deveria ou não fazer parte do time da escola. Inclusive, eles se auto-escalavam no time titular da idade deles e para defender o irmão mais novo de um deles, tinham vetado a minha participação e do meu amigo no time.
Sabia que ao cruzar com eles naquele momento não era bom negócio. Dito e feito.
Começou com uma discussão que culminou em meus óculos quebrados, uns arranhões e alguns roxos. Mas tudo bem, fui para casa, com a certeza de que ganharia o colo da minha mãe e o orgulho do meu pai por ter me defendido.
Coitado de mim.
Quase levei outra surra da minha mãe por ter perdido meus óculos novinhos, que ela nem tinha começado a pagar. Ela ainda disse que quando um não quer, dois não brigam.
Passaram-se muitos anos desde essa história. De lá pra cá, 13 anos se passaram, ganhei uns 30cm de altura e a certeza de que, quando um não quer, dois não brigam.
João Vitor, Kléber, Felipão, diretoria e torcida deviam prestar atenção nesse ditado.